Reconstrução do aterro e plataforma rodoviária na EN 222 em Cinfães

No dia 8 de janeiro de 2023, a estrada nacional EN 222, que liga os concelhos de Castelo de Paiva e Cinfães, colapsou ao quilómetro 73 devido a um deslizamento de terras. A Infraestruturas de Portugal (IP), responsável pela gestão da infraestrutura rodoviária, emitiu um comunicado no dia 11 de janeiro, na sequência da inspeção técnica no local, onde foi divulgado que as fortes chuvas dos dias anteriores provocaram a derrocada de uma das faixas de rodagem e, por razões de segurança, foram obrigados a encerrar o trânsito por tempo indeterminado.

A magnitude dos danos exigiu que o tráfego fosse desviado para vias alternativas, a fim de restabelecer temporariamente a mobilidade. Após a avaliação da situação, foi necessário elaborar um projeto para restabelecer as condições de segurança rodoviária, o que implicou a substituição dos sistemas de drenagem, a estabilização dos taludes e a reconstrução do leito da estrada. Um aspeto crítico foi a rápida execução do projeto para garantir a viabilidade da estrada nacional.

As autoridades manifestaram a necessidade de restabelecer o fluxo de veículos, uma vez que as estradas municipais alternativas não foram concebidas para suportar o fluxo de tráfego de milhares de toneladas por semana que circulam numa estrada nacional como a EN 222. A este respeito, as primeiras ações foram as inspeções para evitar a deterioração dos itinerários alternativos e a instalação de sinalização para avisar e sensibilizar os condutores.

A solução de projeto incluiu uma estrutura de terra armada utilizando o Sistema Terramesh, onde a altura máxima é de 7m. O projeto contempla, num dos seus troços, a melhoria da passagem hidráulica para transportar um caudal superior e está associado à construção da solução de terra armada.

O Sistema Terramesh é composto por unidades Terramesh, geogrelhas, material de aterro e um sistema de drenagem. As unidades Terramesh são módulos pré-fabricados de enchimento de pedra com uma cauda de malha de aço hexagonal de fio duplo (DT) de 2,7 mm de diâmetro. O fio de aço é revestido com uma liga de Zn95%Al5% para proteção contra a corrosão e, para além da galvanização, é revestido com um polímero desenvolvido pela Maccaferri denominado PoliMac.

Este sistema combina malha de arame de aço e geogrelhas. A Maccaferri oferece uma vasta gama de geogrelhas poliméricas que, graças aos filamentos de poliéster que formam as bandas das malhas, proporcionam resistências até 1.600 kN/m. Além disso, os esforços da empresa no domínio da investigação resultaram num conjunto de certificações de qualidade, como a BBA e a marcação CE. Estas certificações junto de instituições e normas internacionais são a prova dos controlos de gestão da qualidade e das inspecções de produção. A empresa dispõe ainda de uma Declaração Ambiental de Produto (EPD) para comunicar as características ambientais de forma transparente e comparável.

A escolha das soluções Terramesh simplifica as fases de colocação no local devido à sua rápida instalação. Além disso, o uso de pedra no revestimento tem a vantagem de garantir a drenagem do solo na face frontal, evitando empuxos adicionais devido à presença de água. Por outro lado, a malha de duplo entrançado pode adaptar-se aos assentamentos sem afetar a estabilidade global da estrutura, ou seja, não se produziria uma rutura brusca típica das estruturas rígidas. O comportamento flexível do arame permite aos instaladores obter várias geometrias que são consideradas na fase de projeto. Uma vez concluído o sistema, o acabamento obtido é em pedra, o que permite uma maior integração na paisagem e favorece a vegetação da zona.

A solução escolhida para a reconstrução do troço da EN222 foi o Sistema Terramesh, adequado para estruturas de terra armada com alturas significativas. O projeto desenvolvido por uma empresa de engenharia consultora foi realizado com a assessoria dos nossos técnicos, uma vez que a experiência da empresa neste tipo de solução permitiu integrar a proposta de passagem de água pela base do talude sem comprometer a estabilidade da estrutura.

O projeto da estrutura de 7 metros de altura apresenta um reforço híbrido dado pelas unidades pré-fabricadas de rede metálica DT e pelas geogrelhas. Neste caso, a geogrelha polimérica ParaGrid actua como reforço primário, enquanto que a cauda de Terramesh de duplo entrançado atua como reforço secundário. Como se pode observar na secção apresentada na imagem, optou-se por utilizar uma geogrelha ParaGrid de 9 m de comprimento e 200 kN/m de resistência. Para além disso, considerou-se que o muro de terra armada assenta sobre um maciço de granito decomposto e que o seu aterro estrutural é constituído por material granular.

A prioridade do projeto era resolver a situação o mais rapidamente possível para reabrir a estrada nacional, pelo que a solução com o Sistema Terramesh foi um sucesso graças ao elevado desempenho da instalação. A construção do projeto teve início a 10 de julho, com um investimento de 900.000 euros e um prazo de conclusão de cerca de 4 meses.

A abertura da EN222 foi concretizada no dia 19 de outubro, após a conclusão da construção do Sistema Terramesh e do leito da via. A intervenção teve uma extensão de cerca de 70 m e o prazo foi cumprido 19 dias antes do previsto.

Sistema Terramesh: Sistema modular utilizado para aplicações de reforço de solos, como muros ou taludes estabilizados mecanicamente. O sistema Terramesh é composto por uma grelha metálica com malha hexagonal Triple Twist tipo 8x10 com GalMac C2 (Zn95Al5) galvanizado e revestido com PolyMac Grey e Ø = 2,70/3,70 mm. Marcado CE para aplicações de reforço e aprovado pelo BBA para cumprir o projeto de acordo com a norma BS8006.

ParaGrid: geogrelha estruturada plana constituída por uma matriz de tiras compósitas geossintéticas compostas por um núcleo de filamentos de poliéster de alta tenacidade revestidos com uma camada protetora de polietileno. Com marcação CE e BBA para aplicações de reforço em conformidade com a norma BS8006.

MacDrain: Geocomposto de drenagem plana (GCD) O MacDrain W é obtido através da soldadura térmica contínua de um núcleo de drenagem de monofilamento polimérico extrudido (GMA) ligado a dois geotêxteis não tecidos que também podem funcionar como camada de separação ou proteção. O núcleo de drenagem tridimensional tem uma configuração em 'W' como canais longitudinais paralelos. Este composto tem a marcação CE.

MacTex: geotêxtil não tecido feito de fibras de polipropileno de alta tenacidade ligadas por processos de perfuração por agulha.

Terramesh: 297 m²

ParaGrid: 3.305 m²

MacDrain: 430 m²

MacTex: 600 m2

Terramesh®, PoliMac® e ParaGrid® são marcas registadas.